Folhas em papel em branco me servem
de analgésicos,de antidepressivos.
Imediatamente elas se transformam em
psicológos que com suas perguntas capciosas
tentam arrancar de mim segredos que ajudem
a encontrar uma solução para tudo que me aflige.
Acomodo-me num divã imaginário e ali falo sem
parar, até o cansaço causado por minhas lamúrias
danificarem minhas cordas vocais e secarem minha
garganta,numa tentativa inconsciente de laçar a dor
não domesticada.
Às vezes penso em fazer de minha existência um
drama para chamar a atenção e abrandar a necessidade
de me sentir loucamente amada,mas na verdade percebi
que tenho uma alma essencialmente dramática que quer
fazer de cada acontecimento da vida um ato mágico e
espetacular.
Por acreditar que é assim que tem que ser,já que
somos protagonistas de uma novela real,onde
Hollywood é aqui e agora,com chance única de
brilharmos ou simplesmente nos juntarmos ao
anonimato das massas, fazendo tudo sempre
igual e esperando como um cego,um milagre
que torne tudo nítido e diferente.
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